Austrália poderá exportar hidrogênio para Europa

Relatório prevê redução significativa nos custos logísticos no futuro à medida que a cadeia de fornecimento for se consolidando
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Austrália poderá exportar hidrogênio para Europa
Foto: Freepik

Um estudo aponta que a Austrália Ocidental poderá se tornar um hub de hidrogênio renovável para a Europa, com capacidade de suprir parte da demanda do continente até 2050. A pesquisa, chamada “TrHyHub”, é fruto de uma parceria entre o Porto de Roterdã, o Instituto Fraunhofer de Sistemas de Energia Solar (Fraunhofer ISE) e instituições australianas, e analisa o potencial do país para se consolidar como um dos principais fornecedores globais de hidrogênio verde.

O estudo avaliou diversos fatores, como as opções mais viáveis de exportação, o projeto técnico, a localização estratégica e a viabilidade da infraestrutura necessária. A partir da região de Oakajee, no chamado Mid West Hydrogen Hub, a opção mais promissora para exportação, pelo menos no curto prazo, é o amônia, devido à sua estabilidade e viabilidade de transporte.

O relatório também prevê uma redução significativa nos custos logísticos no futuro, à medida que a cadeia de fornecimento for se consolidando. Com localização estratégica e grande potencial em fontes renováveis, o Mid West Hydrogen Hub representa um ponto central para o crescimento da indústria de energia limpa na Austrália Ocidental.

Segundo o estudo, a região poderia gerar, em teoria, até 10.000 TWh de energia solar e 5.700 TWh de energia eólica onshore por ano. Isso permitiria a produção de até 185 milhões de toneladas de hidrogênio por ano a partir da energia solar e 105 Mt por ano via energia eólica — volumes capazes de atender uma parte significativa da demanda europeia projetada para 2050.

Para viabilizar esse projeto em escala internacional, os pesquisadores do Fraunhofer ISE analisaram os aspectos logísticos e tecnológicos para a exportação de hidrogênio verde. “Nossa análise técnico-econômica de uma cadeia de fornecimento de amônia para a Alemanha confirmou que a longa distância não representa um fator de custo significativo — ela corresponde a apenas 9% dos custos totais de produção e entrega. As excelentes condições para geração solar e eólica podem compensar parte dos custos de transporte mais elevados”, explica Marius Holst, autor do estudo.

O relatório também considerou outras rotas possíveis de exportação, como hidrogênio líquido e metanol, mas ambas enfrentam barreiras técnicas e econômicas, como a falta de contêineres adequados para o transporte de hidrogênio líquido e a ausência de tecnologias economicamente viáveis para captura de CO₂ atmosférico, essencial na produção de metanol verde.

“Reduções futuras de custo só serão possíveis com escalonamento global e avanços tecnológicos — não apenas com o ar do tempo. Precisamos começar agora para que isso se torne realidade”, afirma Robert Szolak, chefe de departamento no Fraunhofer ISE.

Alemanha como importadora

Em 2022, a Comissão Europeia lançou o plano REPowerEU, com a meta de importar até 10 milhões de toneladas de hidrogênio renovável até 2030, substituindo gradualmente os combustíveis fósseis em todos os setores. Alinhada a esse plano, a estratégia nacional da Alemanha prevê a substituição do uso de fontes fósseis por hidrogênio verde em indústrias como a siderurgia e partes do setor de transportes.

Como a produção doméstica de hidrogênio renovável será limitada, a Alemanha dependerá fortemente das importações. O Porto de Roterdã foi identificado como um ponto-chave nessa cadeia, devido às suas conexões logísticas com regiões industriais estratégicas alemãs, como Renânia do Norte-Vestfália e Ludwigshafen.

Em setembro de 2024, Alemanha e Austrália am um acordo histórico, garantindo apoio financeiro para novos projetos de exportação de hidrogênio verde. O acordo — no valor de 400 milhões de euros, cofinanciado pelos dois governos — é parte do mecanismo de leilão H2Global, que busca impulsionar as cadeias de suprimento internacionais.

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Foto de Daniele Haller
Daniele Haller
Vivendo na Europa há 12 anos, trabalha como jornalista correspondente para diferentes canais de comunicação no Brasil, assim como para projetos que apoiam o desenvolvimento de brasileiros no mercado de trabalho no exterior. Graduada em Jornalismo pela Estácio de Sá do Ceará em 2008.

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