Na última terça-feira (18), o Brasil anunciou sua adesão à Opep+, grupo que reúne países aliados da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). A decisão foi oficializada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, após reunião do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética).
“O Brasil foi convidado a integrar a carta de cooperação. Hoje discutimos nossa entrada em três organismos internacionais: a EIA (istração de Informação sobre Energia), a IRENA (Agência Internacional para as Energias Renováveis) e a Opep+. Iniciamos o processo de adesão a todos eles”, afirmou Silveira.
A decisão, no entanto, gerou críticas de ambientalistas e associações do setor de energia renovável, que consideram a medida contraditória, especialmente pelo fato de o Brasil sediar, no final deste ano, a COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), em Belém (PA).
Diante da repercussão negativa, Silveira minimizou as críticas e ironizou os questionamentos. “Eu também sou ambientalista, talvez até mais do que eles. Quero entender o que está por trás desse discurso de que é uma contradição participar de um fórum que discute transição energética”, rebateu o ministro.
INEL critica decisão
Heber Galarce, presidente do INEL (Instituto Nacional de Energia Limpa) afirmou que a decisão tomada representa um “grave retrocesso” nas políticas ambientais do país.
“Em um momento em que o mundo avança na transição energética e busca reduzir a dependência de combustíveis fósseis, associar-se a um cartel que tem como objetivo ampliar a produção e o consumo de petróleo é uma escolha que coloca o Brasil na contramão da história e do desenvolvimento sustentável”, disse ele.
O executivo reforçou que a adesão à Opep não apenas enfraquece os esforços nacionais para reduzir as emissões de carbono, como também gera um sinal contraditório ao mercado e à sociedade, uma vez que enquanto o Brasil se apresenta como uma potência em energias renováveis – com uma matriz energética limpa, impulsionada por hidrelétricas, eólicas e solares -, opta por alinhar-se aos interesses de expansão de combustíveis fósseis, principais responsáveis pelo aquecimento global.
“É importante destacar que o Brasil possui um imenso potencial para liderar a transição energética global, desenvolvendo tecnologias limpas, gerando empregos verdes e atraindo investimentos sustentáveis. No entanto, a adesão à Opep pode desviar o foco de políticas essenciais para a descarbonização da economia, além de comprometer a credibilidade do país perante investidores internacionais atentos à agenda ESG (ambiental, social e de governança)”, afirmou Galarce.
Por fim, o presidente do INEL disse que o ideal seria o governo reconsiderar a decisão e reafirmar o compromisso do Brasil com o desenvolvimento sustentável. “O futuro do planeta exige liderança responsável e alinhada com os princípios da transição energética justa e inclusiva”, salientou.
O que é a Opep+?
Criada em 1960, a Opep reúne 13 dos maiores produtores mundiais de petróleo, incluindo Arábia Saudita, Irã, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Venezuela.
O grupo é composto por países aliados que, embora não sejam membros plenos, participam das negociações e colaboram na regulação da produção e definição de políticas para o setor.
O governo brasileiro considera a adesão ao grupo uma estratégia para ampliar sua influência global no setor energético e fortalecer sua participação nos debates sobre a transição energética dentro do bloco.
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